Conheça a história do padre que trouxe à tona uma importante descoberta.
Como é sabido, por volta do século XVII, a igreja era detentora de uma grande parte do conhecimento do mundo. Esta é uma história que já todos conhecem. Por isso, não é de estranhar que, em 1614, o padre matemático Benedetto Castelli tenha descoberto o modo de medir o fluxo de água.
Nasceu em Bréscia, Itália, em 1578, com o nome de Antonio Castelli. Porém, nesta história, ficou conhecido por Benedetto, o nome que adotou quando foi aceite pela Ordem de São Bento em 1595. Foi discípulo e um longo amigo de Galileu Galilei, tendo defendido os seus estudos sobre manchas solares e participado nas investigações das teorias de Nicolau Copérnico. Uma amizade e apoio que Galileu soube retribuir, em 1613, com a indicação para que Benedetto o substituísse na Universidade de Pisa, como professor matemático.
Mas a história não acaba aqui…
Não obstante, foi o seu interesse pela hidráulica e o respetivo movimento da água que lhe valeu uma importante descoberta que fez história e o motivou para escrita da sua obra-prima “Della Misaura dell’Acque Correnti”, em 1628. Com a sua descoberta e obra, ganhou o reconhecimento generalizado e o honroso título de pai da ciência Hidráulica e Hidrológica moderna. Um privilégio que veio acompanhado de outro: o Papa Sepolcro Di Urbano VIII chamou-o a Roma para o tornar consultor e professor de hidráulica na Universidade de Roma.
E que descoberta foi esta que lhe valeu tanto reconhecimento?
A descoberta de Benedetto Castelli foi água que fez moer muitos moinhos. Ficou conhecida como uma das primeiras leis da Hidrodinâmica. Quando afirmou que “Numa corrente líquida estacionária em um conduto, as velocidades são inversamente proporcionais às seções transversais do conduto”, Benedetto apresentava ao mundo a preposição que hoje é conhecida como Equação da Continuidade e que descreve o modo de medir o fluxo de água ou de outros líquidos.
Na sequência da formulação de Benedetto, surgiram diversos métodos para medir a velocidade de rios e canais, desenvolvidos e testados em Itália. Incluem-se entre esses, o pêndulo de De Castelli (1624), a placa metálica montada numa balança de Santori (1646) ou o bastão hidromético imerso na corrente fluvial, de Cabeo (1646). A utilização de uma hélice para medir a velocidade em rios foi uma ideia do inglês Robert Hooke, em 1689.
De lá para cá, muita coisa mudou nesta história. A história da medição do fluxo da água conta com contadores e tecnologia de telemetria que Benedetto não poderia imaginar ser possível. Mas não podemos deixar de dizer grazie a Benedetto Castelli.