Cidade sustentáveis são um imperativo para o futuro das próximas gerações.
O último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), divulgado em agosto de 2021, hasteou a bandeira vermelha à humanidade ao afirmar que o planeta está a aquecer a um nível sem precedentes e mais rapidamente do que se pensava, concluindo que, para evitar os piores efeitos das alterações climáticas, o mundo precisa de uma mudança sem “precedente histórico documentado”. E as cidades sustentáveis são uma premissa fundamental para viver num presente mais consciente e um futuro mais global.
Entretanto a ocorrência de fenómenos extremos é já uma realidade e cada vez mais frequente, com episódios de tempestades, ondas de calor, fogos florestais, secas e cheias, a ocorrer por todo o planeta… Numa época em que mais de 50% da população mundial vive em zonas urbanas há que tornar as cidades mais sustentáveis e resilientes, ou seja, com edifícios melhor preparados para fazer face a estes fenómenos. Mas como atuar?
A transição sustentável, ao nível da conservação dos recursos, da descarbonização e da resiliência climática, torna imperativo o conceito de cidades sustentáveis com o desenvolvimento de soluções para uma melhor e mais eficiente utilização e aproveitamento da água, em situações de escassez e em situações de cheia. O grande desafio de melhorar a eficiência hídrica dos edifícios requer iniciativas que respondam à necessidade de adaptação às alterações climáticas, incluindo soluções para a redução de desperdícios, otimização do uso e do aproveitamento da água e a sua reutilização nos edifícios.
São várias as medidas que podemos tomar para aumentar a resiliência dos edifícios e, por conseguinte, tornar as cidades mais sustentáveis: escolher torneiras, autoclismos, chuveiros, máquinas de lavar roupa e loiça mais eficientes, mas também aproveitar águas pluviais e reutilizar águas cinzentas; selecionar plantas autóctones e sistemas de rega adequados para os jardins e instalar coberturas verdes nos edifícios.
Existem sistemas disponíveis no mercado que permitem reduzir a necessidade de água potável nas habitações, diminuindo as necessidades de captação e consumo, e contribuindo também para uma melhor gestão de situações de cheias e de seca, de que são exemplo:
> Os sistemas de aproveitamento de águas pluviais;
> Os sistemas prediais de reutilização e reciclagem de águas cinzentas, que são águas recolhidas no duche, torneiras e máquinas de lavar loiça e roupa, após utilização.
As águas recolhidas, armazenadas e tratadas por estes sistemas podem ser usadas em fins não potáveis como descargas de autoclismos, lavagem de roupas e rega de jardins, contribuindo para a redução do uso de recursos hídricos.
O aproveitamento de águas pluviais, ie, águas da chuva, tem o mérito de contribuir também para um maior controlo dos picos de cheia nas cidades, ao mesmo tempo que permite a sua utilização quando necessário, sem recorrer a água potável. Por outro lado, a água cinzenta está sempre disponível, como alternativa mais sustentável para usos que não requerem a qualidade de água para consumo humano.
Por outro lado, a instalação de uma cobertura ou fachada verde, que consiste numa camada de vegetação instalada no telhado ou na fachada de um edifício, permite absorver a água da chuva, ajudando igualmente a reduzir os problemas de cheias, a velocidade de escoamento da água da chuva (responsável muitas vezes por estragos em infraestruturas) e a sobrecarga dos sistemas públicos de drenagem.
Outra das grandes vantagens das coberturas e fachadas verdes é a atenuação do efeito “ilha de calor” nas cidades, uma vez que contribuem para o aumento da área verde na cidade e consequente redução da temperatura. Além deste efeito térmico nas cidades, as coberturas e fachadas verdes têm ainda efeitos no conforto térmico dos edifícios pois atuam como isolamento térmico, reduzindo a temperatura máxima (no verão) e aumentando a temperatura mínima (no inverno) no interior do edifício, o que permite reduzir as necessidades de utilização de sistemas de arrefecimento/aquecimento, aumentando o conforto com menor consumo de energia no edifício.
Estas são algumas das soluções que contribuem tornar as cidades mais sustentáveis e resilientes e que são valorizadas pelo sistema de avaliação e classificação de eficiência hídrica de edifíciosAQUA+® “Água na medida certa” (www.aquamais.pt), da ADENE – Agência para a Energia. Trata-se de um sistema simples, ágil e voluntário que classifica o uso eficiente da água nos edifícios, orientando o mercado (da construção e do consumo) para escolhas e soluções mais eficientes.
No setor residencial, além da Classe Hídrica, o AQUA+ fornece informação ao consumidor/promotor imobiliário relativa ao desempenho do imóvel no que respeita às infraestruturas,equipamentos e dispositivos (instalados ou em projeto), nomeadamente: fontes e redes de água, usos exteriores, eficiência dos dispositivos (torneiras, autoclismos e duches), equipamentos de lavagem (máquinas de lavar loiça e roupa) e água quente sanitária. São, ainda, identificadas as medidas de melhoria a implementar para reduzir o consumo de água e o consumo de energia associado, dando indicação do potencial de poupança de água e de água + energia (nexus água-energia).
No dia 15 de dezembro no Evento da ADENE 20 Anos no séc. 21 foi lançado o novo AQUA+Hotéis, com vista a apoiar o setor do turismo na gestão da água contribuindo também para o aumento da resiliência de empreendimentos turísticos e alojamentos locais e, portanto, para a construção das cidades sustentáveis de que tanto precisamos.
Saiba mais em: aquamais.pt